
Sede...
...Espremo o tempo
misturo as horas...
Doce veneno!
Solange Bretas
...Espremo o tempo
misturo as horas...
Doce veneno!
Solange Bretas
NO TRILHO... ...Existe o trem - Vida! Ou nos leva ou nos deixa... Em pedaços. Solange Bretas |
CANTO Dentro de mim há um canto que chora sem ser pranto que de dor retine o lamento. Quem me vê assim sorrindo, não viu no olhar a alegria, não sabe da minha agonia, tão pouco da fraqueza que sou. Canto por que é só o que sei, assim a minha sede de companhia se vai. Enquanto afino o tom de minha agonia, esvazio-me num eco profundo entre sons e ventos. Entro enfim, após meu canto, em harmonia plena com o silêncio d'alma. Solange Bretas |
Encontro... / Desencontro... ...Meus instintos vão... / Chego eu Você vem... / cais seguro... Sede a sede. / Mas já que não posso ser sêde! Solange Bretas / Zepergui |
Cheiro de Fêmea Sigo por aí ouvindo olhares, sentindo sons, devorando imagens. Propago essências debelando palavras repetindo em eco meu cheiro de fêmea. Para a ciranda Cheiro de Fêmea de Cássia Vicente e Clara Costa saiadotom.com |
O TEMPO E O PENSAMENTO O pensamento, a hora consome. Flui às margens de um horizonte que se faz mutante de idéias e ideais. Mas tempo degusta a vida que nutre suas manhãs à medida que tudo gira. Por hoje, não adianta o lamento, ninguém conhece o vento que gira ponteiros e verga os girassóis. Se olhar para trás, não verá o nascente e seus passos serão de dúvidas escuras por entre pontes e abismos. A flor que agora se abre e perfuma jardins, logo será semente, me resta o pó. O que já se lapida, mais tarde descansará em lápide e será esquecida o sol nascerá sobre ela, mas não aquecerá o ser. Terá sido em vão a vida se o medo tolher gestos e conter emoções, se não trouxe marcas nas mãos e cicatrizes nos pés. Esconder-se em trincheiras traz medalhas de covardia, não faz sentir o sabor da luta tão pouco evitará a morte. Quem conta com a sorte, já se perdeu na angustia da incerteza que consumirá olhar e embaçará o horizonte. Há que entregar-se ao amanhecer da vida com suor e sangue, que tempera o gosto da lida fazendo valer o momento, ainda que seja entre sorrisos e lamentos. Parar no pensamento e esquivar-se de viver o momento é, simplesmente, negar-se ao universo pulsante, é um erro que não tem concerto porque o tempo passa devorando corpo e sentimento. Solange Bretas |
Muda Fala... ...Na ausência do som na falta do eco, silêncio é palavra. Solange Bretas |
Nada temo! Em minhas mãos levo as garras do tempo Que implícito no destino de todos nós, Faz os dias serem surpresa Lá fora continuam o vento, o mar, as estações Adornos passíveis na cabeça do universo. Sigo com a mesma vontade de um rio Cortando caminhos, dando voltas Pra chegar... Onde não sei! Só sei que parar é algo que não consigo Minha essência tem o perfume da inquietude, Tem a cor do fogo que ruboriza a pele. Não, eu não temo o tempo! Já sinto o peso dos grisalhos pensamentos, E a rebeldia da juventude me faz rir. Meus olhos são duas contas verdes Que se apegam a esperança, Faz do horizonte o oráculo De promessas e atos... É verdade, não temo o tempo, Ele há de passar e eu nem pretendo ser semente! Pode ser que a noite seja meu cortejo E que as estrelas me cubram de flores e véus E a lua venha se despedir com choro contido. Enquanto a vida me lamber a face, Quero é desfrutar da fruta que minha boca adoça, Cada vez que me redescubro com o sol em minha janela. Solange Bretas |
Folha Seca Sonho; delírio?Talvez... Não me lembro de ter adormecido, nem percebido que as nuances se dissipavam enquanto eu vagava por imagens frias. Gritava, mas aquele silêncio absurdo, ressoava por todas as janelas que se fechavam diante do breu. Andava por entre aquela gente Como se fossem reprises num espelho quebrado. E chamavam meu nome... De onde vinha a voz que me fazia estremecer? Muitas vezes eu tapei os ouvidos, o som parecia vir de dentro de mim. Atormentava-me porque não conseguia entender, eram vibração que enlouqueciam meu pensamento. Vi você no meio de tudo aquilo Gente, vozes, breu. Eu corria em sua direção, toda aquela gente me olhava como se estivesse louca . Meus gritos eram vazios, pareciam me virar do avesso. De repente, me deparei com um imenso relógio que nada marcava nem hora e nem estação. Eu estava ali esperando, esperando, esperando... Até que o chão sumiu debaixo de meus pés e a terra me tragou como se eu fora uma folha seca de um interminável outono ... Solange Bretas |
"O PRESENTE JÁ PASSOU!" Enfraquecer o medo é alimentar a ousadia que excita beirar os abismos da vida. Esqueça a razão da loucura, vague sem noção do castigo. Nada é sério, nada é justo nada é dor é só passado. Assim como as folhas no outono, como a chuva de ontem, o sol que não brilhou, a poesia de outrora que deixou de ler. Negue a fraqueza, a solidão sufoque o grito... Esqueça o luto! O que é a primavera, o inverno senão estações que passam como as ilusões das "paixões"? Ecoe o sorriso de liberdade não se vingue da maldade. Vá em frente...pule essa parte chamada saudade. Viva o futuro porque "o presente já passou!" Solange Bretas |
SAUDADE Se hoje me doi o pensamento, ontem minha alma vagou no sentimento! Meu coração é vento que me leva longe, me faz horizonte debruçado em sonhos. E quando me perco nesse delírio de lembrar o que foi o ontem, o desejo me arrebata. A incoerência de hoje não poder voltar e vencer o tempo, mata meus sonhos, sufoca a semente e crava no peito, sem piedade, a dor mais profunda de saudade... SOLANGE BRETAS |
EU VI A ALEGRIA... ... Nascer numa tarde de setembro como flor de primavera encantando o jardim secreto que cultivo em minha alma. |
Poesia Absorta Fica tudo aqui! Os dúbios cálices, o doce sabor amargo das lágrimas e as lembranças que por todo esse tempo guardei. Deixarei no escuro todas as imagensque minha mente precisa esquecer.Fecharei todas as janelaspara que o passado não me siga. Não me preocupo em dizer nada, só me restam as frias palavras, estou preferindo o exato silêncio da solidão. Busco um espelho que me fale a verdade e uma paisagem que me permita olhar através de mim e das cores. Pra terminar, guardarei os sonhos, torço para que não virarem pesadelos para que eu não tenha que desistir deles. Deixo também a tua alegria, não, ela não me pertence. Vou só vivendo estações, sem pensar no tempo liberta de sentimentos. Solange Bretas |
PEDRAS Aprendi a conhecer o tempo quando comecei a andar com as pedras. Elas machucavam-me os pés, mas fortaleciam minhas pegadas. As dores me faziam sentir medo, mas despertava-me a ousadia. Então, desisti de falar com as rosas e roubei delas os espinhos. Faziam sangrar minhas mãos, mas tornavam-me forte na escalada da vida. Dei meus pensamentos ao rio e emprestei ao mar meus sentimentos. Que o rio saiba navegar meu pensar, que vá de encontro ao mar, e na explosão dos sabores do sentir e pensar, se lancem nas pedras as quais, me ensinaram a conhecer o tempo e assim eu continue a caminhar. Solange Bretas |
Deixa Pra Lá O rio tornou-se deserto. Sem oásis ficou a saudade restando somente a miragem de nós. Melhor assim, fez o destino secando a fonte onde o amor era profusamente belo. O coração tornou-se estéril suplantou sentimentos e a alma apenas aprecia a solidão |
Quem Sabe... Pode ser que o tempo lá fora transforme o que sou em céu e que as nuvens mudem de lugar voando para fora dos meu olhos de chuva. Nada pude fazer que evitasse o cair da noite, fui simplesmente o abismo entre sol e lua. Ainda não desatei os nós dessa sina que é viver e que me embaraçam aos cegos laços, turvando a visão do meu saber... O que tenho são pedestais vazios, marcados por valores consumidos nesta chama invisível do esquecimento. Dele desceram estrelas apagadas pelo sopro da ressaca que escorre dos lábios sombrios do silêncio. Permito-me envolver neste reflexo de adágio! Busco por entre pedras e palavras... Um instrumento! Quem sabe se do outro lado, o lado que é avesso, esse que desconheço, seja meu lugar de começo? |