... Quero ler seus olhos o que diz as entrelinhas de seu olhar... Decorar seus lábios e guardar o sabor, seu sabor... Vestir sua alma e me perfumar com sua essência... Dedilhar seu pensar pra realizar seus desejos mais secretos... Musicar seus sonhos, te levar às nuvens, te coroar de estrelas e, quando adormecer com a suave melodia, te aconchegarei nas pétalas do meu amor quando setembro chegar.
Li naquelas pétalas, que a primavera já se aproxima. Lembrei-me daquele diário onde escrevi sobre você. Amor que floriu cor de carmim, renascendo sentidos, gosto de mel. No dia que se senti seus beijos Tudo foi criado e a sede deu lugar a doces desejos claramente descritos nas entrelinhas. Bem lembro o sorriso de criança, de peito acelerado, mãos frias... Percebo que a escrita ainda está viva, as folhas contêm vida, falam e quase pulsam... Parece que foi ontem, o que hoje, se faz eterno. E ao ler-te em meu diário, descubro Que não são apenas páginas que revivo, mas deixaram um gosto de querer mais e mais... Vieram outras estações de versos e verbos conjugados, ao pé do ouvido, entre labirintos floridos, camas e lençóis, mas das pétalas dessa primavera que retorna, quero o viço, essência e as cores dos olhos do amor descritos nas páginas do meu diário. Solange Bretas
Versei sentimentos... vesti poesia... Sou nuvem que vaga ao vento assim nesse céu imenso, porcurando um alento meio que evaporado de sabor espesso pra cegar os olhos, desse meu medo de chuva. Solange Bretas
São sentimentos ardentes, que no peito pulsam como as marcas deixadas pelo fogo da paixão. As chamas do desejo as mantém incandescente, muito embora as chuvas de solidão segue tentando apagar. As vezes, com a vida me revolto por semear sem ter colheita, por frutificar sem proveito. Quase ouço as risadas do destino, esse menino matreiro, que me fez armadilha me tirando o sossego. Agora sem vida ou destino, não vejo outra saída a não ser arder inteira a beira dessa fogueira que devora o coração. Quem sabe assim, restem somente cinzas e o vento leve talvez pra longe ou bem perto, onde o mar esfria o sol, onde a lua só quer espelhar onde o amor, não seja uma peça a pregar. Solange Bretas
Quando o coração se abre deixando a alma liberta, ela se veste e parte nas ondas da melodia, vertendo gotículas de poesia versando o amor por toda parte. colorindo de arco-íris o meu olhar...
Metade Letra: Ferreira Gullar Música e interpretação: Osvaldo Montenegro
Que a força do medo que tenho Não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito Não me tape os ouvidos e a boca Porque metade de mim é o que eu grito Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe Seja linda ainda que tristeza Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada Mesmo que distante Porque metade de mim é partida Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor Apenas respeitadas Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos Porque metade de mim é o que ouço Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora Se transforme na calma e na paz que eu mereço Que essa tensão que me corrói por dentro Seja um dia recompensada Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso Que eu me lembro ter dado na infância Por que metade de mim é a lembrança do que fui Mas a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria Pra me fazer aquietar o espírito E que o teu silêncio me fale cada vez mais Porque metade de mim é abrigo Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta Mesmo que ela não saiba E que ninguém a tente complicar Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer Porque metade de mim é a platéia A outra metade é a canção.
E que a minha loucura seja perdoada Porque metade de mim é amor E a outra metade também.
Digo que o destino é louco, a vida é curta, que a saudade é grande e o amor só aumenta no coração de uma pequena florinha que espera pra desabrochar... Num jardim, banhado de luar iluminado por estrelas e cuidado pelos olhos do menino sol. Solange Bretas
Sob a ponte dos meus sonhos corre um rio de fatos... Suas águas falam enquanto correm por entre as pedras desvendando segredos movendo-as de lugar. Enquanto vivo, vendo esse rio passar assim tão depressa, penso em caminhar no deserto com a solidão sobre as areias escaldantes do deserto da saudade que o vento sopra em meus olhos, pois as águas desse rio agarrando meus pés desejando me afogar, causa-me o medo de não mais sonhar.
Um brinde! Ergamos nossas taças agora! É hora! As estrelas já caíram aos nossos pés, a lua já transborda prateando o orvalho em nossos lençóis. Prove o vinho, que embebeda a alma, e nesse primeiro hausto erga seu olhar no meu que a noite será testemunha do desejo que é único em nós. Solange Bretas
... Peguei emprestado o sorriso frio da lua Tirei da noite as estrelas, esfumacei o céu de negro, só pra disfarçar... Convidei o sol a se retirar pra ficar oculto meu olhar, ordenei transbordar as marés a se misturarem com as gotas derretidas de minha alma, Só pra disfarçar... Escondi os espinhos tirados de meu peito na palma de minhas mãos pra cobrir os segredos da linha da vida. Coloquei as rosas no deserto e emoldurei oásis pro vento não levar. Só pra disfarçar... Neguei te amar, fingi te esquecer sorri com vontade de chorar.
Dedilho a noite... fazendo canção nas estrelas a embalar os teus sonhos, e desvendar seus desejos mais secretos. Envolvo-te em melodia, em encantos de meus compassos de luar iluminando teu corpo a sonhar. Nesse aconchego, vou escrevendo nas pautas do universo nossas juras de amor . Nessa noite de suaves harmonias, fiz nas estrelas mais brilhantes meu amor em acordes ecoarem e na lua prateei serenata para em teu sonho ir morar.
Oh, água que brota da fonte de seus lábios, vertendo beijos molhados aguando meu corpo de desejo. Sou praia ardendo de anseios por receber de sua ondas, carícias que me levam e me trazem num fernesi de eternas marés de volúpias. Me faça náufraga, afoga-me, salga minha boca, adoça minha alma. Sacia minha sede, leve-me a loucura, permita que eu beba dessa fonte de prazer, que eu me banhe nesse oásis de delicias e esmaeça em suas gotas de amor. Solange Bretas
O coração pulsa diferente Tudo se repete na mente Alma purgando latente sente
Sua presença invisível Aquece sem fogo acender Protege sem arma empunhar Acalma por tanto querer
Crio-te em minha mente Te fito sem te ver presente Como sentir o que me é ausente? Meu corpo pulsa, lateja carente
Desejo seu amor, quem sabe um dia tocar A fragrância do seu corpo a me embriagar O brilho dos seus olhos em mim enfeitiço será Quem sabe se de tudo um dia eu provar Quem sabe se a vida deixar.
Sinto essa dor, que lateja e dilacera meu peito, que enlouquece e angustia meus pensamentos. Dói no peito, sofre a alma. Sinto a dor da ausência do seu beijo que acende meu desejo, do seu cheiro que intorpece meus sentidos, tirando-me a razão. Quero seu olhar a despir minha alma a incendiar meu corpo qual vulcão numa louca explosão de cura e prazer.
Leio em minhas mãos, com apenas um toque em sua tez, os poemas de carícias sem fim tirados de seus beijos de amor, de afagos em seus cabelos de luar e de sua pele macia a me aconchegar. Fecho-as e as trago junto ao coração pra que te sinta tão presente, tão forte dentro de mim. Assim com minha alma, vôo em teu destino desejando sentir em meu corpo o jeito do nosso amor. Solange Bretas
Cravou na pele suas unhas de paixão, com único olhar penetrou na alma fez sentir minha nudez. Abriu meu peito, com loucura e tesão rasgou-me as páginas tirou-me a razão. Tomou-me os lábios com ardente beijo inflamando de desejo meus entorpecidos versos.
Abri as portas da minha alma, na soleira revivi lembranças, momentos impregnados de emoções e prazeres. A saudade veio arrepiando meu corpo com um sopro de luar... Abri as portas de meu ser, dele adejaram sonhos de asas azuis e esperanças de folhas desprendidas do meu longínquo olhar... Abri as portas do meu horizonte, nele vi despontar meu sol enquanto minha lua cheia de amor se derretia em seu mar... Solange Bretas
Debaixo daqueles versos Refugiavam-se sementes de poesia. Nada germinara desde a primavera, quando despetalou a alma e o horizonte não mais sorriu. O vento poético trouxe o lirismo, que em gotas, caia do céu como estrelas cadentes a mergulhar no mar de entrelinhas bordando frases soltas. Ondas de inspiração em profuso frenesi, entoaram cantos roucos para despertar em cores meu arco íris de poesia. Solange Bretas
Por entre os dedos, qual ampulheta do destino, escorrem momentos, sabores, cores, risos. Perpassam desejos, fragmentos de vida transcendendo o corpo, pérolas que nasceram na alma. Estações que se repetiram, flores desabrocharam, mudaram as fases, as marés... E o amor? Faz o tempo parar! Solange Bretas