sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Locomotiva



Sua curta estrada sem intento
Sobre trilhos largos dormentes
Vaga o vagão passagem passageira
Ferro retorcido pó ferrugem.
Perece parece sem dono
Maria-Fumaça, não pita
Sem fogo nem cinzas
Que caminho iluminava olhos no breu.
Encruzilhado destino desalinho derradeiro
Descarrilou não serve mais
Ao desuso confinada estais.
Saqueados os bens suas virtudes
Vazia esquecida carruagem
Abandonada a mercê das estações.
De abrigo serve aos marginais
Aproveitam-se dos restos ao léu
Sinistro seu interior sombrio
Que de ervas amargas se encobriu
Esconde o que de bom já rendeu
O resto de valor pra sempre partiu.
No carril que se perde de vista
De que vale tê-los ainda
Se nem de pé nos trilhos está
Tempo passa ninguém fica.
Da covardia do tombador que a guiava
Locomotiva acometida de avaria
Tornou-se acomodação obsoleta
Seus vapores se foram Maria.
Nem fuligem suja a chaminé
Foi esquecida perdeu o valor
Descarrilou e sem serventia ficou
Ao prazer do tempo e vento
Seus restos ninguém reclamou.
A fuligem no ar dissipou
Quem saberá maquinista desertor
De abandono serviu sua Maria
Mãos, sujas pelo carvão, lavou
À fornalha, o fogo e lenha, negou
E a densa nuvem de fumaça abafou
Nem apitas Maria sua chegada
Se nem de partida seu agora se faz
Ao menos de abrigo nesse trilho jaz
Só quem sabe é o tempo que de ti se apraz...
Solange Bretas

2 comentários:

ney disse...

Mas nos seus versos ela ficou viva e repleta de poesia, vale essa doce sensibilidade, de não se perder nunca o encanto. bjs/ney.

Pétalas D'Alma disse...

É verdade... Essa Maria, Lo(u)comotiva, sempre estará envolta em encantos!!Obrigada , Ney, pela presença! É bom te receber por aqui! Bjus Flor

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